sexta-feira, 7 de maio de 2010

Gin e Muita História pra Contar

Na última postagem escrevi sobre um cocktail a base de gin, recomendando o Bombay Sapphire na receita. Tampouco me atentei que na foto principal do BLOG apareço com uma garrafa de Tanqueray na mão. Por isso, resolvi escrever sobre o a história e os diferentes tipos de gin. E olha que dá bastante o que falar...
O primeiro relato que se tem talvez seja de 1622, de uma publicação em Amsterdam, a qual menciona a receita de uma bebida alcoólica com sabor de juniper, que para nós seria o zimbro. O desenvolvimento dos processos de destilação na Holanda contribuíram muito para o sucesso desse drinque, depois chamado jenever. A partir daí, após trinta anos de guerras, os soldados Ingleses, que na época lutavam nos Países Baixos, tomaram gosto pela bebida e levaram-o para casa, porém sob o nome de Gin.
Em 1688, o Holandês William III of Orange assume o trono inglês em razão da morte de seu sogro, James II. O novo rei, que era protestante, baniu todo os produtos importados de países católicos, dentre eles a França, e encorajou a produção local de gin. Além do mais, aumentou os impostos sobre a cerveja. Dessa forma, o o gin torna-se a bebida mais barata disponível. Como reflexo, o consumo excessivo tornou-se um problema nacional. E essa situação perdurou por muitas décadas.
Talvez por isso, de todos os seis Spirits essenciais, o gin é o único com uma reputação não muito boa. Em países como a Inglaterra e os Estados Unidos, ele esteve associado com a pobreza, com a perdição de mães, com garotas tentando abortos e como o refúgio daqueles sem esperança e com as almas perdidas. Ainda hoje, algumas pessoas perduram o mito de estar relacionado à tristeza e o tem como o mais depressivo de todos os destilados. Acredito que de certa forma, a cachaça no Brasil passou por um processo parecido, tendo dificuldade de aceitação e respeito por parte da população.
Se no passado o gin teve toda essa má fama, hoje em dia é, na verdade, tido como uma bebida rica em sabores e aromas, fundamental na coquetelaria, sendo a base de uma gama imensa de cocktails. Dentre as suas variações há o Gin Inglês, dividido entre London dry e o Plymouth gin. O primeiro é o mais comum de todos. Os nomes mais conhecidos são Gordons e Beeffeater. E Bombay Sapphire e Tanqueray como exemplos de especialidades dentro do gênero. Há outro gin que me chama a atenção, de produção mais reduzida, contudo, ganhando cada vez mais espaço no mercado e prestígio entre os apreciadores, que é, o Escocês, Hendrix Gin, com infusões de botânicos diferenciados como rosas e pepino. Enquanto eu trabalhava na Royal Caribbean, este era o eleito para o cucumber martini, o martini de pepino. No próprio site da empresa eles sugerem o clássico gin martini com uma rodela de pepino ao invés da tradicional azeitona.
É de se experimentar...
A outra variação da versão inglesa é o Plymouth Gin, que pela denominação tem de ser produzido na região. Este é um pouco mais seco que a outra variação e com um bouquet mais sutil. Entretanto, sua produção é bem limitada e são raros os bares que o oferecem no Brasil. Já a versão holandesa, o Dutch Genever, é bem diferente dos Ingleses, é mais maltado, com sabor predominante do grão que é produzido. Basicamente, sendo dividido em oude envelhecido ou jonge jovem. O envelhecido lembra mais o tipo inglês tendo um sabor mais rústico.
Apesar da contribuição essencial da frutinha escura, o zimbro, para os aromas perfumados e para o gosto do destilado, há uma serie de outros ingredientes. Contudo, a receita varia de acordo com as diferentes destilarias. Mais comum são angelica, raíz de lírio, alcaçuz, cascas secas de citros, sementes de coentro e cominho. Apesar disso, o gin, é uma bebida simples, produzida de centeio e cevada, mesmo que para o Dutch Genever e para o American Gin, o milho seja geralmente usado. No estilo Inglês, ele é sucessivamente destilado até os alcoóis mais superficiais sejam retirados. Depois do processo de aromatização, que é feito pela maceração das ervas secas, frutas e temperos no álcool ou escorrendo a bebida por estes, o produto final é imediatamente engarrafado.
Talvez a forma mais comum de se servir o gin seja com água tônica, de preferência com muito gelo e uma fatia de limão. No entanto, os gins tidos como especialidades podem ser servidos puros, gelados, em pequenas doses, em copos altos, com haste e estreitos. Apesar de ser comum a utilização de copos de champanhe na holanda.
O gin, pela sua textura oleosa, se harmoniza bem com certos pratos de peixe como arenque com cebolas picadas. Outra dica são tortinhas de chicória recheadas com peixe eglefim “haddock” defumado marinado.
Para terminar vou deixar a receita de um cocktail aparentemente bem estranho, citado em um dos livros do mixólogo Simon Difford, o Spicy Veggy.

Spicy Veggy

Ingredientes
60 ml de Gin
24 Sementes de coentro
60 ml de suco de cenoura
6 ml de gomme (2 medidas de açucar par uma de água)
uma pitada de pimenta preta
uma pitada de sal

Modo de preparo
Moer o coentro na base da coqueteleira, adicionar os outros ingredientes e gelo bater na coqueteleira por 15 segundos e coar servindo em um copo de martini. Como guarnição pode-se usar uma fatia de cenoura. Boa Sorte!

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